Quer saber como funciona a artroscopia para tratamento de lesão no bíceps?
A lesão no tendão do bíceps é uma condição que ocorre especialmente entre pessoas que realizam movimentos repetitivos com os braços ou praticam esportes que exigem esforço acima da cabeça, como natação, tênis, CrossFit, beachtenis e musculação.
O bíceps braquial é um músculo importante na movimentação do ombro e do cotovelo e possui dois tendões principais.
O da cabeça curta que se insere na escápula (processo coracóide) e o da cabeça longa que atravessa a articulação do ombro e se conecta ao lábio superior da glenoide.
É justamente esse último que está mais frequentemente envolvido nas lesões, devido à sua localização e função.
Quando o tendão da cabeça longa do bíceps sofre uma lesão, seja por desgaste progressivo, inflamação (tendinite), rotura parcial ou total, o paciente pode experimentar dor e desconfortos, além de uma deformidade conhecida pelo famoso personagem de desenho animado Popeye resultante do encurtamento do bíceps pela rotura do tendão.
Em muitos casos, o tratamento conservador é suficiente para controlar os sintomas.
Entretanto, quando a dor persiste ou a lesão compromete a função, pode ser necessário realizar uma cirurgia, como a artroscopia.
Este procedimento minimamente invasivo permite visualizar e tratar com precisão as estruturas comprometidas, promovendo alívio da dor e melhora da mobilidade.
Continue a ler e saiba mais!
Quais são os sintomas mais comuns de uma lesão no bíceps?
Os sintomas mais comuns de uma lesão no tendão do bíceps variam de acordo com o tipo e a gravidade da lesão, e incluem:
- Dor na parte anterior do ombro ou do braço, especialmente ao levantar o braço ou ao realizar movimentos acima da cabeça;
- Sensação de fraqueza, principalmente ao girar o braço ou carregar peso com o cotovelo dobrado;
- Sensibilidade ao toque sobre o trajeto do tendão na parte anterior do ombro;
- Inchaço ou hematoma na parte superior do braço, especialmente após rupturas agudas;
- Deformidade visível no braço, conhecida como “sinal do Popeye”, quando o tendão se rompe completamente e o músculo se retrai.
Em muitos casos, os sintomas se instalam de forma gradual, principalmente quando causados por desgaste ou uso excessivo, o que pode dificultar o diagnóstico.
Quais são as principais causas das lesões no bíceps?
Entre as principais causas das lesões no tendão do bíceps, destacamos:
Degeneração por uso excessivo
Lesões por esforço repetitivo são frequentes em pessoas que praticam esportes ou atividades que exigem movimentos repetidos do braço acima da cabeça, como natação, tênis, vôlei e musculação;
Envelhecimento e desgaste natural do tendão
Com o tempo, os tendões perdem elasticidade e resistência. Por isso, a degeneração crônica é uma causa comum em pessoas com mais de 40 anos, mesmo sem histórico de trauma. Além disso, nestes pacientes é comum haver algum tipo de lesão do manguito rotador que mantém íntima relação com bíceps e o que o afeta em alguns casos.
Trauma direto ou movimento súbito e forçado
Um levantamento brusco de peso, uma queda com o braço estendido ou uma tração exagerada podem causar rotura parcial ou total do tendão.
Associação com outras patologias do ombro
Lesão do manguito rotador,
síndrome do impacto e
lesões SLAP (do lábio superior da glenoide) podem sobrecarregar o tendão do bíceps e contribuir para sua lesão.
Inflamação crônica (tendinite do bíceps)
A inflamação repetida pode enfraquecer o tendão ao longo do tempo e predispor a roturas.
Para saber como funciona o
tratamento da tendinite do bíceps, confira esse artigo em nosso blog.
Movimentos inadequados ou má postura ao treinar
Exercícios feitos com má técnica, especialmente no treino de força, podem sobrecarregar o tendão e gerar microlesões acumulativas.
Como funciona a artroscopia para tratamento de lesão no bíceps?
A artroscopia do ombro é um procedimento cirúrgico minimamente invasivo que permite tratar a lesão com precisão, menor agressão aos tecidos e rápida recuperação.
Costumamos utilizar essa abordagem no tratamento de lesões no tendão do bíceps, especialmente quando há dor persistente, rotura parcial ou total do tendão da cabeça longa ou quando o tratamento conservador não oferece melhora.
Durante a artroscopia, fazemos pequenas incisões ao redor da articulação do ombro e introduzimos uma câmera de alta definição chamada artroscópio, que transmite imagens em tempo real para um monitor.
Isso nos permite visualizar detalhadamente o interior da articulação, identificar a extensão da lesão e realizar as correções necessárias utilizando instrumentos cirúrgicos específicos.
No caso das lesões do bíceps, os dois procedimentos mais comuns realizados por artroscopia são a tenotomia (liberação do tendão) e a tenodese (fixação do tendão em outro ponto do osso). A técnica mais indicada dependerá da condição a ser tratada e grau da lesão.
Para atletas costumamos preferir a tendose, enquanto para pessoas de menor demanda como idosos, preferimos a tenotomia simples que não acarreta em perda de função para este grupo.
Note-se, ainda, que é possível realizar tenotomia do bíceps em ambiente de consultório mesmo através de uma técnica minimamente invasiva com auxílio de ultrassonografia e sem cortes.
Ressaltamos que, em comparação com a cirurgia aberta, a artroscopia oferece diversos benefícios: menor tempo de internação, cicatrizes menores, menor risco de infecção e menor dor no pós-operatório.
Além disso, a visualização ampliada das estruturas internas do ombro durante a artroscopia permite um diagnóstico mais completo e a possibilidade de tratar outras lesões associadas no mesmo procedimento.
Como é o pós-operatório da artroscopia para lesão no bíceps? Em quanto tempo o paciente pode retomar suas atividades após a cirurgia?
O pós-operatório da artroscopia para tratamento da lesão no tendão do bíceps costuma ser bem tolerado pelos pacientes e apresenta uma recuperação gradual, desde que respeitados os cuidados recomendados.
Nos primeiros dias após a cirurgia, indicamos que o paciente utilize uma tipoia para imobilizar o ombro e reduzir o desconforto.
Também prescrevemos analgésicos e anti-inflamatórios para controlar a dor e o inchaço.
Então, logo nas primeiras semanas, indicamos a reabilitação com foco em exercícios leves de mobilidade, que evoluem para fortalecimento à medida que a cicatrização avança.
Em geral, pacientes com boa adesão ao tratamento conseguem retomar atividades moderadas para membros superiores entre 4 e 6 semanas após a cirurgia.
Já atividades mais exigentes fisicamente, como treinos intensos ou esportes de contato, podem ser retomadas a partir do segundo ou terceiro mês, com liberação médica.
Assim, se você está sentindo dores no ombro, fraqueza ao levantar o braço ou percebeu limitações nos movimentos que não melhoram com o tempo, não ignore esses sinais.
Lesões no tendão do bíceps, quando tratadas precocemente, têm ótimas chances de recuperação completa, especialmente com o acompanhamento do especialista.
Agende uma consulta com o especialista em ombro para uma avaliação detalhada e individualizada.
Cuidar da sua saúde agora é o primeiro passo para retomar suas atividades com segurança, qualidade de vida e sem dor!
Conheça o Dr. Guilherme Noffs
Dr. Guilherme atende em consultório particular como ortopedista de Ombro e Cotovelo e Especialista em Terapias da Dor no Hospital Albert Einstein Perdizes e na Clínica SEBE, Vila Mariana.
Além disso, atua no atendimento de urgências no Hospital Albert Einstein e realiza cirurgias nos Hospitais Sírio-Libanês, São Luiz - Rede D'Or e São Camilo.