Lesão parcial do tendão supraespinhal (zona crítica do manguito rotador): como tratar?
A lesão parcial do tendão supraespinhal na zona crítica do manguito rotador, em grande parte dos casos, pode ser tratada sem cirurgia com bons resultados.
O tendão supraespinhal fica localizado na parte superior do ombro, abaixo do trapézio e do deltóide e ligado à cabeça do úmero, sendo um dos tendões do manguito rotador.
Além de ser um tendão mais frágil que os demais, o supraespinhal apresenta uma região conhecida como zona crítica, que possui menos colágeno e vascularização e possui uma resistência ainda menor.
Além disso, também a localização desta região é desfavorecida, pois possui maiores chances de conflito anatômico com a região do acrômio e seus ligamentos (arco coracoacromial), o que chamamos de síndrome do impacto subacromial.
Caso queira ler mais sobre a zona crítica do tendão supraespinhal, temos um artigo que aborda o assunto
clicando aqui.
Quais as possíveis lesões do tendão?
A zona crítica do tendão supraespinhal, por ser a mais sensível, é a região na qual as lesões do manguito rotador costumam se iniciar.
O tendão poderá sofrer lesões com diferentes graus de intensidade, o que influenciará o tipo de tratamento a adotar.
Tendinite
A tendinite é uma inflamação no tendão e não uma alteração estrutural. Normalmente, ocorre acompanhada de inflamação da bursa subacromial que recebe o nome de Bursite.
Então, a tendinite no tendão supraespinhal não é uma lesão e sim uma inflamação e, recebendo o devido tratamento, não chega a provocar uma lesão na maioria dos casos.
Lesão parcial
Estas lesões ocorrem quando somente uma parte das fibras do tendão sofrem danos e ele não se rompe completamente.
Além disso, podem variar em relação a sua extensão e profundidade, sendo mais graves as lesões mais profundas (mais de 50% da espessura do tendão, por exemplo) e mais retraídas ou com maior área lesionada.
Lesão completa
Neste caso, as fibras do tendão se separam por completo e o tendão fica com um furo, lesão transfixante. Então, a lesão pode ser bastante debilitante e, se negligenciada, pode progredir para atrofia muscular e perda de mobilidade do ombro.
Tratamento da lesão parcial do tendão supraespinhal
O tendão e o músculo supraespinhal são importantíssimos para a execução de movimentos fundamentais do ombro.
Por exemplo, eles nos permitem levantar os braços para lavar a cabeça, pendurar roupas ou pegar algo no armário.
Então, uma lesão nesta região causa dor e dificuldade para realizar movimentos importantes e tratá-las de forma adequada é essencial.
O tratamento que adotaremos irá depender de uma série de fatores, como o tipo e extensão da lesão e a demanda que o paciente tem do ombro.
Neste texto, abordaremos o tratamento quando o tendão sofre uma lesão parcial mais superficial.
Então, para os casos de lesões parciais de baixo grau (ou superficiais) do tendão supraespinhal, adotaremos um tratamento não cirúrgico no qual buscamos estimular biologicamente a região para incentivar cicatrização e menos inflamação e dor, para ao final ocorra recuperação da estrutura e da função da articulação. Este estímulo biológico ocorre com a aplicação de ácido hialurônico que estimula o colágeno local, associado a um programa de fisioterapia bem estruturado.
Assim, devemos considerar, a depender da fase em que a lesão se encontra:
- Repouso;
- Aplicação de ácido hialurônico na lesão guiada por ultrassom;
- Evitar atividades provocadoras de dor, principalmente as que demandam levantar os braços acima da cabeça;
- Uso de medicamentos por via oral ou intramuscular (injeção);
- Fisioterapia;
- Terapia por ondas de choque;
- Musculação direcionada para o ombro (programa de treino específico).
Inclusive, o melhor é associar diferentes técnicas de tratamento para trazer resultados mais completos.
Por exemplo, será fundamental iniciar o fortalecimento motor e alongamento no processo de recuperação da lesão do tendão supraespinhal para possibilitar o trofismo muscular, recuperação do movimento e flexibilidade.
Além disso, aliado ao fortalecimento e alongamento poderemos aplicar ácido hialurônico diretamente na articulação.
Este procedimento traz diversos benefícios para o paciente, por exemplo:
- Estímulo das células do próprio corpo a produzirem substâncias naturais da articulação, como o colágeno e cicatrizantes do tendão;
- Redução da produção de citocinas inflamatórias - diminuição da dor;
- Diminuição da degradação articular, o que lhe confere um papel de antioxidante natural;
- Anti envelhecimento da cartilagem articular quando aplicado dentro da articulação ao invés de junto ao tendão com grande melhora da lubrificação articular.
Caso você queira saber mais sobre ácido hialurônico e sobre viscossuplementação temos um texto sobre o assunto.
Ademais, deveremos entender se existem anormalidades mecânicas associadas para então, corrigi-las, pois se mantivermos um conflito mecânico por exemplo, o tendão voltará a romper em breve.
Normalmente, o tratamento conservador da lesão parcial do tendão supraespinhal traz excelentes resultados para o paciente.
Diversas serão as possibilidades de tratamento. A escolha de quais métodos adotar será individualizada após avaliação detalhada do quadro clínico do paciente.
Por isso, será essencial se consultar com um
ortopedista especialista em ombro, que dará todo o suporte necessário para o paciente ao longo do processo de reabilitação.
Assim, será possível fazer um retorno gradual para as atividades cotidianas, retomando a qualidade de vida e bem-estar!
Conheça o Dr. Guilherme Noffs
Dr. Guilherme atende em consultório particular como ortopedista de Ombro e Cotovelo e Especialista em Terapias da Dor no Hospital Albert Einstein Perdizes e na Clínica SEBE, Vila Mariana.
Além disso, atua no atendimento de urgências no Hospital Albert Einstein e realiza cirurgias nos Hospitais Sírio-Libanês, São Luiz - Rede D'Or e São Camilo.